terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A MALA VERDE

A MALA VERDE 

Imagem retirada da Net.

Eu já comentei em uma postagem anterior que sempre que posso recebo massagens de um deficiente visual, Wellington, que tem mãos maravilhosas e sempre me socorre das decorrentes dores nas costas que tenho.
Numa dessas consultas ele como sempre nos conta a mim e ao meu marido casos muito engraçados que acontecem com eles, os cegos, e que nos faz rir e descontrair. E numa dessas conversas ele nos contou que foi a uma loja com a sua esposa Márcia lá na cidade de Franca, isso mesmo, eles moram em Franca interior de São Paulo e nos atende em Belo Horizonte, e queriam comprar uma mala de viagem.
Na loja ele escutou o vendedor dizer à sua esposa que aquela mala a qual ele se referia era de cor verde e ela comprou e foram pra casa.
Quando ele veio a Belo Horizonte não teve problemas, mas na ida pra casa pegou o ônibus na rodoviária de Belo Horizonte e lá se foi para Franca de mala e cuia. Acordou duas curvas antes de descer, e como ele mesmo diz, o cérebro o avisa quando ele precisa acordar e assim ele sente que passa duas curvas e na próxima parada é a vez dele descer.
O ônibus parou e ele foi batendo a bengala e as pernas nas cabeças e pés que passavam pra fora no corredor do ônibus, achei essa parte engraçada, os passageiros aproveitam que não tem ocupação nos bancos dos lados onde assentam e colocam as pernas pra fora ou mesmo encostam a cabeça para dormir durante a viagem e isso faz com que ele que não enxerga sai empurrando todo mundo e acordando um bocado de gente.
Desceu e o motorista o perguntou que cor era sua mala e ele respondeu que era verde. Escutava uma voz que vinha lá do fundo onde se coloca as malas no ônibus dizendo assim:
- tem mala verde aqui não!
Ele responde:
- ué! Será que sumiram com a minha mala? Moço minha mala é verde e tem rodinhas.
A voz de novo lá do fundo dizia:
- tem nenhuma mala aqui não! Ela é verde mesmo?
Ele responde:
- verde sim moço, minha esposa comprou comigo na loja e o vendedor disse que era verde.
Ele nos falou que o motorista não via nenhuma mala verde, nem verde limão, nem verde claro, nem verde escuro, nem verde folha, nem verde água, nem verde musgo, nenhuma mala verde existia naquele maleiro do ônibus. Ele sentia que aqueles minutos estavam durando uma eternidade e fora que ele pensava nas pessoas de dentro do ônibus ficando incomodadas com o atraso que ele estava proporcionando.
Depois de alguns minutos o motorista sai do fundo e traz uma mala de rodinhas e fala assim pra ele:
- essa mala não é verde, mas toca ela aí pra sentir se ela é sua porque não posso mais atrasar a viagem e a de rodinhas como me disse é essa!
Ele tocou a mala e perguntou:
-posso abrir o zíper porque guardei um gel e um óleo aqui mesmo? Confere comigo? Não quero levar uma mala que não é minha!
O motorista se prontificou a ver e realmente viu que ele tinha guardado ali um gel e um óleo. Certificou que a mala era a que ele procurava e falou:
- deixa eu te falar uma coisa? A sua mala não é verde não tá? Ela é Bege!